Apuros de um pessimista em fuga
cedition: 1
year_first_edition: 1999
Nos últimos tempos do Marcelismo um jovem passa uma noite em branco, procurando desesperadamente escapar à polícia política.
Ó dor, ó dor, o tempo manja a vida, concluso vate? Tem dias. 0 tempo hoje empata a vida, não sei se a poupa, se a rejeita, eu a pasmar. Antes, hipnótico, ma devorasse, corno é vezeiro. Mas arrasta-se, o pastoso, animaleja sobre milhentos finíssimos pedúnculos e não me consente adiante, nem ver ao de lá. Com as suas alongadas escorrências, trilho de míseras poalhas, o rastejo lerdíssimo dos instantes cerca-me no castelo da Madorna. E vai-me tendo, inerme, ao dispor, a descoberto e sem saber. A preparar-me o quê? Pudera eu rasurar estas supérfluas horas que me faltam para a Fórmula salvadora, o conforto duma voz amiga, até mesmo a aspereza duma desilusão. Ou para a consumação resignada do pior final (…)
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Caminho
year: 1999
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